Dissertação sobre as
vírgulas…
À minha
amiga Maria João Correia,
que se
diverte imenso, quando eu
invento
uma vírgula…
Não
ligues
são
apenas moscas
entre
as palavras
como
se fossem pestanas
a
embelezar o olhar
de
quem as lê.
São
artifícios burlescos
para
ilustrar os discursos dos políticos
às
segundas feiras
quando
inventam as mentiras
para
entreter os jornais durante a semana
são
as pausas do esquecimento
quando
já não há mais nada para dizer
a
não ser o que foi dito
ou,
se quiseres, são os berros do Cristiano Ronaldo
quando
os neurónios migram para os pés
e
ele dá pontapés na gramática.
A
vírgula é uma síntese do nada
e
o limite do zero absoluto,
a
bissetriz dos ângulos rugosos da memória,
o
ponto morto do equador,
que
o Gama levou para a Índia
e
que por lá ficou a apodrecer
no
túmulo de um jesuíta.
Mas
a vírgula é muito mais do que isto.
A
vírgula é, na sua profunda essência e potência,
a
caganita da mosca, que aterrou no poema…
Alexandre
de Castro
Lisboa,
Janeiro de 2015
4 comentários:
Grata. O Alexandre é imenso...Beijinho.
Obrigado, Maria. Pela visita e pelo comentário. Beijinho.
Gostei muito das suas vírgulas, de ironia, neste seu interessante poema. Tentei escrever uma frase onde elas aparecessem para dizer obrigada Alexandre. Beijinho de bom fim de semana.
Maria Gouveia
Maria Gouveia: Eu é que agradeço a sua simpática mensagem.
Beijinho.
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