terça-feira, 28 de junho de 2016

O amor...

Amor profundo _ Romero Brito

O amor…


O amor descansa na lâmina de um punhal de prata,
à espera do sonho redentor, que ilumine a sua reputação.

Só os fracos e os dementes são incapazes de amar…

O amor é o limite do vácuo
uma semente de ternura, que nasce do botão de uma rosa
 e se dissolve na boca dos amantes…

O amor pode ser cego
mas é a sua luz que dá claridade à noite…

O amor nunca envelhece
tem sempre a frescura da água das nascentes
e, tal como um rio, no seu curso,
ele também engravida a terra…

Alexandre de Castro

Lisboa, Junho de 2016

morrem-me os amigos…



morrem-me os amigos…


morrem-me os amigos
morre-me a esperança
e eu vou morrendo também
no dilúvio da tristeza
de quem perseguiu  o sonho
e já não tem ninguém…

Alexandre de Castro

Lisboa,  Junho de 2016

sábado, 25 de junho de 2016

A minha boca já é um deserto…




A minha boca já é um deserto…


A minha boca já é um deserto,
porque as palavras fogem e não regressam…

É o buraco negro do meu imenso firmamento
que engoliu todas as estrelas contadas
nas noites ácidas da solidão…

E é na alegria da sombra de um oásis
que as palavras resistem ao esquecimento,
esperando o vento, que as liberte…

Alexandre de Castro

Lisboa, Junho de 2016

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Poema onde cabe o silêncio…



Poema onde cabe o silêncio…

Falas-me todos os dias
naqueles teus silêncios mudos
em que és a excelsa  esfinge
e a inefável  musa…
Falas-me com os teus olhos líquidos
pousados na minha sombra
para eu ouvir o eco do teu corpo
e eu sinto o aperto do teu abraço
a envolver o mundo,
e mergulho no teu sono
onde estão guardadas todas as tuas jóias…
Caminho pelos trilhos da escuridão
entre mundos que se repetem e se consomem
na voracidade do tempo…

Jamais me encontrarei comigo próprio…
Sou a raiz viva de uma árvore morta…

Alexandre de Castro

Lisboa, Junho de 2016

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Dissertação sobre a Arte, a propósito de uma coreografia sobre o Bolero, de Ravel

Maya Plisetskaya - Bolero (choreography by Maurice Béjart)


Dissertação sobre a Arte, a propósito de 
uma coreografia sobre o Bolero de Ravel

A todas as minhas amigas
e a todos os meus amigos
que fazem da arte um
destino e uma ambição.

Se a Arte derivou da racionalidade do Homem, sem a qual não teria sido possível a sua existência e evolução, também é verdade que a Arte serviu para humanizar a racionalidade humana, evitando-se assim a sua "robotização biológica". O Homem também se humanizou, através da Arte, na medida em que ela lhe moldou o sentido do Belo, do Sublime e do Sonho, conceitos estes que lhe permitiram ultrapassar a fronteira do real e alcançar o estado da abstracção.
Ao contrário da Política, da Economia, das Religiões e da Guerra, é a Arte que une os homens e fomenta a Paz. E é por isso que nos maravilhamos perante uma obra de Arte. 
É o que acontece ao assistirmos a esta dança, concebida, pelo grande bailarino e coreógrafo, Maurice Béjart, sobre a música do Bolero de Ravel, em que as duas manifestações artísticas se harmonizam e entrelaçam, através das suas linguagens próprias, num equilíbrio estético sublime e grandioso, que desperta intensas e fortes emoções.
E para atingir este desiderato, perante os espectadores, só uma bailarina como Maya Plisetskaya, poderia emprestar o seu corpo e talento para interpretar o Bolero de Ravel.
Um verdadeiro hino à dança, na sua melhor expressão artística e no seu fascinante esplendor.

Alexandre de Castro
2016 06  o2