quinta-feira, 9 de junho de 2016

Poema onde cabe o silêncio…



Poema onde cabe o silêncio…

Falas-me todos os dias
naqueles teus silêncios mudos
em que és a excelsa  esfinge
e a inefável  musa…
Falas-me com os teus olhos líquidos
pousados na minha sombra
para eu ouvir o eco do teu corpo
e eu sinto o aperto do teu abraço
a envolver o mundo,
e mergulho no teu sono
onde estão guardadas todas as tuas jóias…
Caminho pelos trilhos da escuridão
entre mundos que se repetem e se consomem
na voracidade do tempo…

Jamais me encontrarei comigo próprio…
Sou a raiz viva de uma árvore morta…

Alexandre de Castro

Lisboa, Junho de 2016

6 comentários:

mariagomes disse...

Neste poema cabem todos os silêncios da poesia!
Cabe a luz, e cabe a sombra!
Grande poema, belo, muito belo!


" Jamais me encontrarei comigo próprio...
Sou a raiz viva de uma árvores morta..."

Que chave de ouro!

Alexandre de Castro disse...

"poeta" Maria Gomes: Trata-se do mais belo comentário que, desde sempre, recebi, em relação aos meus poemas. Elogio que só a sua bondade e amabilidade permitem, já que não mereço tanto.
Fico eternamente agradecido.

conceicao amaro disse...

"Falas-me todos os dias nos teus silêncios mudos"
Aqui me detive uns momentos.
A mais bela definição de Amor que já ouvi foi:
"O Amor é a integração do amante no objecto amado"...

Alexandre de Castro disse...

Conceição Amaro: Esgotamos-nos, quase em delírio febril, em definir o amor, como se fosse possível encerrá-lo numa fórmula única. Por isso, todas as definições são válidas.Mas também todas as definições são incompletas.
O amor sente-se e vive-se, na plenitude dos sentidos.

conceicao amaro disse...

Sim, Alexandre. Que importa definir..se cada um o sente, o vive com a sua própria capacidade de entrega e de "recebimento", também na plenitude dos sentidos.
Não sou poeta e nem sempre encontro " as, aquelas palavras" para me expressar.
A " integração " que refiro contém toda essa plenitude, essa capacidade de sentir o outro, de tocar o outro, de uma fusão sem, contudo eliminar o ser do outro.
Se é que isto faz algum sentido....

Alexandre de Castro disse...

Concordo, Conceição. Todos nós nos deixamos encantar por esses alucinantes arrebatamentos em espiral, que nos encantam.