quinta-feira, 26 de novembro de 2015

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Àquela hora…



Àquela hora…


Àquela hora
das noites acordadas
em que aparecias,
tudo se agitava
em euforias ressuscitadas.
Agora, é o vazio,
das escadas que não rangem
da porta semiaberta que não se fecha
da ausência dos teus passos lentos.
Uma solidão enorme
de silêncio
de asfixia
de sufoco
um mar imenso
sem navios
e aquele medo do escuro
e de ficar só!

Alexandre de Castro

Lisboa, Maio de 2007 

sábado, 21 de novembro de 2015

HOPE (Visions of Whitefeather)



Foi neste caminhar pelos séculos fora que nos fizemos Humanidade, desafiando o perigo das encruzilhadas, interrogando ansiosamente o céu, à procura das origens e avançando sempre com o medo de nos perdemos. Aprendemos a viver como lobos, carregando um pesadelo milenar, mas sempre sonhámos com a alegria das pombas, embora a Guerra e a Paz pertençam, implacavelmente, ao nosso património genético primordial. E é difícil libertarmo-nos desse ciclo infernal!...
AC

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A última declaração de amor…



A última declaração de amor…

Quando começarmos a decapitar e a enforcar as estátuas
é porque já estamos em declínio.
É o tempo em que o tempo se escapa pelos dedos.
E isto também é verdade para as praias e para os búzios.
Infelizmente...
Depois do naufrágio,
irei novamente subir as escarpas dos rochedos
que guardam a praia.
E ali ficarei a olhar o luzeiro do céu,
para ver as estrelas a incendiar as almas.
Farei então a minha última declaração de amor.

Alexandre de Castro


Lisboa, Novembro de 2015


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Paris13... o meu endereço...

Amabilidade de Leida Gomes
**
O terrorismo islâmico não está a atacar os seus inimigos. Está a matar, à traição, cidadãos inocentes…

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Estátua




Estátua

Não sei se fechei as cortinas
da janela do teu quarto
quando nos medimos
a olhar um para o outro
as mãos estavam inquietas
e nervosas, à espera do teu sinal
e tu continuavas imóvel
como uma estátua
e nunca cheguei a saber
se eras mármore ou granito
à espera que eu esculpisse
o teu corpo em sobressalto.

Alexandre de Castro

Lisboa, Junho de 2007

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Fotografia: Madragoa _ Lisboa...

Fotografia de Paulo Vasco

É por aqui que se passeia o diáfano encanto de Lisboa 
e onde ainda se respira o doce odor do cravo e da canela. 
É por estas ruelas que a Madragoa canta... 
Uma janela feiticeira que se abre para o rio. 
Um mar de luz a afagar o nosso olhar...
Alexandre de Castro

***

O autor da fotografia deixou esta sugestiva legenda: " A minha Rua é toda ela uma aguarela para o pintor ".

Pintura: Amadeo Modiglian _ nu deitado

Amadeo Modiglian (i1884 1920) _ nu deitado (1917-1918)

O diáfano e sublime  encantamento do nu!...
O perfume de um corpo que se entrega
à liberdade do desejo!...
Tudo são incandescências nesta pintura
como se uma fogueira fosse ateada 
por um sopro divino!...
***
Recentemente, esta pintura de Modaglian foi leiloada em Nova Iorque, pela Christie's, pelo valor de 170,4 milhões de dólares. Trata-se da segunda transacção mais cara neste segmento de mercado, ficando um pouco abaixo da "Les femmes d' Arger", de Picasso, que foi vendida em leilão por 179,4 milhões de dólares.   
A pintura "Nu deitado" foi arrematada por um chinês, um multimilionário que foi condutor de táxis. Não sei se o homem é um apaixonado pela pintura ou se, apenas, é um negociante de obras de arte.
Quando Modaglian expôs, pela primeira vez, esta pintura, em Paris, houve manifestações de protesto à porta da galeria, de tal violência, que obrigou a polícia a intervir e a encerrar a exposição. Que diferença abissal nos separa desses tempos de chumbo, em que imperava uma moral burguesa impiedosa, arrogante, justiceira e castradora!... 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Talvez ainda tenha tempo…


Talvez ainda tenha tempo…

Dizem que o fogo purifica tudo
e que limpa a alma quando se consome
mas eu tenho fogueiras a arder dentro de mim
que abrem feridas antigas que ainda sangram
já não sou o que fui nem serei o que sou
nem os hálitos dos céus abrem os caminhos
que sempre quis viver.
Tudo se dispersa nos ventos do deserto
quando fico sozinho
nada me liberta e me sossega
nem a memória dos sonhos, de quando era criança
ainda tenho as roupas do cavaleiro andante
e nas botas as esporas da esperança
jaz morto e arrefece o menino de sua mãe, disse um poeta
e eu sinto um frio imenso
mas talvez ainda tenha tempo…

Alexandre de Castro

Lisboa, Novembro de 2015