quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Talvez ainda tenha tempo…


Talvez ainda tenha tempo…

Dizem que o fogo purifica tudo
e que limpa a alma quando se consome
mas eu tenho fogueiras a arder dentro de mim
que abrem feridas antigas que ainda sangram
já não sou o que fui nem serei o que sou
nem os hálitos dos céus abrem os caminhos
que sempre quis viver.
Tudo se dispersa nos ventos do deserto
quando fico sozinho
nada me liberta e me sossega
nem a memória dos sonhos, de quando era criança
ainda tenho as roupas do cavaleiro andante
e nas botas as esporas da esperança
jaz morto e arrefece o menino de sua mãe, disse um poeta
e eu sinto um frio imenso
mas talvez ainda tenha tempo…

Alexandre de Castro

Lisboa, Novembro de 2015

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