Talvez ainda tenha tempo…
Dizem
que o fogo purifica tudo
e
que limpa a alma quando se consome
mas
eu tenho fogueiras a arder dentro de mim
que
abrem feridas antigas que ainda sangram
já
não sou o que fui nem serei o que sou
nem
os hálitos dos céus abrem os caminhos
que
sempre quis viver.
Tudo
se dispersa nos ventos do deserto
quando
fico sozinho
nada
me liberta e me sossega
nem
a memória dos sonhos, de quando era criança
ainda
tenho as roupas do cavaleiro andante
e
nas botas as esporas da esperança
jaz
morto e arrefece o menino de sua mãe, disse um poeta
e
eu sinto um frio imenso
mas
talvez ainda tenha tempo…
Alexandre de Castro
Lisboa,
Novembro de 2015
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