Poema onde cabe o
silêncio…
Falas-me
todos os dias
naqueles
teus silêncios mudos
em
que és a excelsa esfinge
e
a inefável musa…
Falas-me
com os teus olhos líquidos
pousados
na minha sombra
para
eu ouvir o eco do teu corpo
e
eu sinto o aperto do teu abraço
a
envolver o mundo,
e
mergulho no teu sono
onde
estão guardadas todas as tuas jóias…
Caminho
pelos trilhos da escuridão
entre
mundos que se repetem e se consomem
na
voracidade do tempo…
Jamais
me encontrarei comigo próprio…
Sou a raiz viva de uma árvore morta…
Alexandre
de Castro
Lisboa, Junho
de 2016
6 comentários:
Neste poema cabem todos os silêncios da poesia!
Cabe a luz, e cabe a sombra!
Grande poema, belo, muito belo!
" Jamais me encontrarei comigo próprio...
Sou a raiz viva de uma árvores morta..."
Que chave de ouro!
"poeta" Maria Gomes: Trata-se do mais belo comentário que, desde sempre, recebi, em relação aos meus poemas. Elogio que só a sua bondade e amabilidade permitem, já que não mereço tanto.
Fico eternamente agradecido.
"Falas-me todos os dias nos teus silêncios mudos"
Aqui me detive uns momentos.
A mais bela definição de Amor que já ouvi foi:
"O Amor é a integração do amante no objecto amado"...
Conceição Amaro: Esgotamos-nos, quase em delírio febril, em definir o amor, como se fosse possível encerrá-lo numa fórmula única. Por isso, todas as definições são válidas.Mas também todas as definições são incompletas.
O amor sente-se e vive-se, na plenitude dos sentidos.
Sim, Alexandre. Que importa definir..se cada um o sente, o vive com a sua própria capacidade de entrega e de "recebimento", também na plenitude dos sentidos.
Não sou poeta e nem sempre encontro " as, aquelas palavras" para me expressar.
A " integração " que refiro contém toda essa plenitude, essa capacidade de sentir o outro, de tocar o outro, de uma fusão sem, contudo eliminar o ser do outro.
Se é que isto faz algum sentido....
Concordo, Conceição. Todos nós nos deixamos encantar por esses alucinantes arrebatamentos em espiral, que nos encantam.
Enviar um comentário