O Beijo _ Gustav Klimt _ 1907 e 1908 |
Dar-te-ia
uma noite clara
Isenta de gritos e no
Zelo das margens do rio
Isenta de gritos e no
Zelo das margens do rio
Que te
banha a alma, beijaria
Um a um
os teus medos. Por
Entre a
sede das mãos, escorreria
A verdade
que entregámos aos pássaros.
Instante
de luz a ofuscar os dias.
Nesga de
loucura a guardar os sonhos.
Deitaria
às águas um verso branco.
Astro
fecundo nos meus verdes olhos.
Mistério
encostado ao céu da boca do
Encanto,
com que envolves
As minhas
mãos vazias.
Morresse
a lonjura no abraço do verso.
Antes não
fosses um destino
Sem
tempo. Pátria perdida... à qual nunca regresso.
Sónia M
(*) Nota do editor.
Amabilidade da autora.
***«»***
Que belo é
este poema, que fala da "verdade
que entregámos aos pássaros", do “Astro fecundo nos meus verdes olhos”, que tanto encantam e
seduzem, do “Mistério encostado ao céu
da boca do Encanto”, mas que arrasta a sombra negra de um pesadelo
amargo: "Antes não fosses um
destino/Sem tempo, Pátria perdida… à qual nunca regresso”.
Um poema que é um diamante. E não é pela sua intenção declarada, mas sim pela sua
exigente construção metafórica e lexical. Há nele verdadeiras preciosidades
poéticas, no jogo hábil das palavras e das metáforas, que só os grandes poetas
conseguem exprimir..
2017 03 19
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