sexta-feira, 11 de maio de 2018

Maio 68...




Maio 68...


Foi o Maio da esperança, em França,
delírio épico de uma revolução romântica
a cantar os hinos de todas as rebeldias,
e a fazer crescer o sonho contra o desencanto.
Inspirou Portugal, na Revolução dos Cravos,
que rompeu as trevas numa manhã de Abril.
Era um mundo velho, decrépito, que morria
Era um mundo novo, de sonhos, que nascia…

Alexandre de Castro

Lisboa, Janeiro de 2018

quarta-feira, 14 de março de 2018




Adeus, Stephen Hawking…


Foste habitar aquela estrela, que descobriste,
e pela qual te apaixonaste,
depois de teres encontrado Deus
num buraco negro, onde ELE se escondia,
para o obrigares a renegar tudo o que ELE dizia
sobre a criação do Universo e da vida humana…

Do teu corpo morto fizeste uma nova vida
para o nosso espanto,
pois não temos a tua força nem a tua inteligência
nem sabemos devorar as insónias
das galáxias, das estrelas, dos planetas e dos cometas
e tudo aquilo que a Física Quântica
provoca nas nossas cabeças
com as suas insondáveis incógnitas…

Nasceste no dia em que Galileu, há trezentos anos, morreu,
e morreste no dia em que Einstein nasceu,
na ponta final de dois séculos atrás,
e eu não sei se isto não foi uma partida de Deus,
para vos catalogar à entrada do céu…

O que eu sei é que vais levar os seus corações na tua mão
para que a Física vença a ignorância
e triunfe no meio das trevas e da escuridão…

Adeus, Stephen Hawking…

Alexandre de Castro

Lisboa, Março de 2018

sexta-feira, 2 de março de 2018

Carta de Antuérpia





Carta de Antuérpia


A tua carta trouxe-me todo frio de Antuérpia
as palavras ainda vinham geladas
e as minhas mãos tremeram de medo,
aquele difuso medo da orfandade
e de ficar irremediavelmente perdido…

Alexandre de Castro

Lisboa, Março de 2018

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Homine…




Homine…


Na Antiga Idade,
era uma mercadoria
uma mercadoria com vida
que de escravo seria…

Apagavam-lhe a identidade
para lhe negar a liberdade…

Na Média Idade,
promoveram-no a servo,
da gleba, dizia-se,
mas negavam-lhe a terra
que a um senhor pertencia…

Na Nova Idade
passou a operário
trabalhava mais de metade do dia,
na fábrica ou na mina,
cumprindo um doloroso horário
em que lhe sugavam o sangue
negando-lhe o justo salário…

E chamaram a isso democracia…

E hoje, embora livre,
e com direitos consignados
pelo regime liberal,
sendo amanuense ou operário, 
continua a ser escravo,
dos senhores do Grande Capital…

E andam a dizer que isto é mais democracia…

Alexandre de Castro

Lisboa, Fevereiro de 2018