Quando o
sentido das coisas é uma nuvem a arder em chamas
Quando o sentido das coisas é uma nuvem a arder
em chamas, passo por aqui e deixo-me levar pelo encanto da música, na onda
empolgante dos sons e das vozes, e desato os nós do pensamento, que fica à
solta, sem qualquer freio. Descubro, então, que o amor é uma coisa complicada,
porque há sempre uma surpresa em cada esquina da vida. É sempre igual e sempre
diferente, seja ele trágico, romântico e até cómico, circular ou poliédrico,
amor livre ou amor estável, de toda uma vida. Uma coisa é, certamente: é o ninho
de todos afectos, se pretendermos defini-lo na sua amplitude universal e, numa
outra dimensão, será aquele amor contagiante, que tem a sua máxima expressão
física no beijo e no sexo.
Pois é, até aqui nada de novo, dirá o leitor. O
problema está nas tempestades e nos terramotos, que deixam feridas profundas. É
bem verdade, direi eu, mas isto também faz parte do amor, porque nada existe,
sem o seu contrário. E,
depois, há os amores impossíveis, marcados pela condição e pela contradição. E,
para estes, não existe antídoto.